Poeta do testemunho... da problematização da sociedade...e de belíssimos escritos.

Poeta do testemunho... da problematização da sociedade...e de belíssimos escritos.
Jorge de Sena (1919-1978)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Publicações brasileiras...



O Físico Prodigioso, novela de jorge de Sena é sua única obra com edição brasileira. Embora eu já tenha conseguido adquirir muitas de suas obras, bem como volumes de correspondência, penso que contribuiria um bocado com a propagação de sua no Brasil. aliás, novas edições mesmo portuguesas seriam muito bem vindas para interessados mundo afora.

Se dizemos, e creio que dizemos porque é o que verificamos, que os autores permanecem de algum modo vivos à medida em que suas obras sejam lidas e relidas, estudadas e criticadas; de um modo aproximado pode trazer mais público o fato de o produto livro, contendo as obras, esteja em estoque nas livrarias por ai. Até para recomendarmos a leitura é preciso que materialmente haja essa possibilidade.

Há bibliotecas - as de universidades - em que encontramos algumas obras de Jorge de Sena, mas o principal local no Rio de Janeiro para ler este grande autor -é o Real Gabinete Português de Leitura, no centro da cidade.

CORRIGINDO UM ERRO NO PRIMEIRO PARÁGRAFO DESTA PUBLICAÇÃO: Recebi uma mensagem da professora Gilda Santos, grande estudiosa da obra de Jorge de Sena, para (felizmente) eu corrigir minha falha, no primeiro parágrafo aqui acima.


Beatriz:
 
No seu blogue, a frase O Físico Prodigioso, novela de jorge de Sena é sua única obra com edição brasileira. deve ser alterada para O Físico Prodigioso, novela de Jorge de Sena, é sua única obra de ficção com edição brasileira. Isto porque, ainda quando ele estava no Brasil, aqui editou 2 livros: A Literatura Inglesa e Teixeira de Pascoaes (Ed. Agir).
 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Às vezes tenho a impressão de que a única atitude sensata diante da poesia de Jorge de Sena é sentar e ler, e não ler mais nada. O diabo é que, ao fazer isso, nascem umas vontades práticas de mudar o mundo e a forma como essa maldita sociedade baseada no capitalismo aprisiona-nos a vida. Não tenho o direito de fazer o que eu quiser da minha vida, a não ser que eu tenha dinheiro pra pagar por isso.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Metamorfose, na vida.

Esta imagem é uma pintura de autoria da pintora portuguesa, radicada em Londres, Paula Rêgo, a partir de Kafka e sua metamorfose. Esse livro deveria ser dado para todo o aluno que entra no ensino médio. É como umas portas metafóricas sendo abertas bem à nossa frente.
Foi uma ausência longa; fazer mestrado em uma série de dificuldades, mas é preciso prosseguir. Mas eu sou teimosa...
Jorge de Sena, antes de mim, teimava em pensar muio. Que bom pra nós!

LEPRA

"A poesia ão igual a uma lepra
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
E os poetas na leprosaria
vão vivendo
uns com os ouros,
inspêccionando as chagas
uns dos outros."

domingo, 11 de março de 2012

O caso Nardoni

Me lembro que eu estava na graduação, até então o pai e a madrasta eram suspeitos desse crime. Me lembro que eu escrevi um trabalho, análise de algum texto que referenciava imagens do horror nazista na segunda guerra, e encerrei o trabalho dizendo que precisamos construir um mundo em que um pai não seja suspeito de matar a própria filha.
Hoje,assistindo a uma "reportagem" sobre este crime, a mesma sensação incômoda me encontra ainda mãe de 3 filhos, ainda indignada com a capacidade humana para fazer covardias.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Aos filhos e ao futuro


Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya é um poema de Jorge de Sena, surgido a partir da observação e em diálogo com essa pintura, reproduzida acima. Tenho pensado recorrentemente neste texto. Acho que algo que me levou ao encontro de Sena e me mantem nele, mais que a leitura marxista do mundo da qual comungamos, é a preocupação com o que será desse mundo alucinado em que pusemos nossos filhos, ele 9 e eu 3.

Deito e levanto pensando nisso, e cada vez mais isso acontece. Na etapa em que estamos, um acaba de entrar pra universidade, o que me diz que ela está no "bom caminho". Embora eu ainda possa lavar sua roupa e fazer sua comida, estou certa de que o essencial já fiz por ele - não o atrapalhei a desenvolver-se. Restam-me os dois menores, que vão bem também. Mas me assusto frequentemente com a rapidez com que o mundo está mudando, em alguns casos me cheira mesmo a desestabilização. Olha a Grécia, os países Árabes...

Penso na construção do novo homem, necessária para construirmos outro sistema econômico, considerando que o capitalismo já deu o que tinha que dar. A divisão da produção deve ser coletiva, já que produzimos coletivamente e necessitamos viver neste mundo nada natural. Acho que é disso que se trata: reformular a construção cotidiana do mundo em que vivemos, em dois movimentos, que são a esfera pública e a privada.

Se, por exemplo, não aprendemos a separar o que é necessário - como comida, saúde, amor e cultura do que é supérfulo - como coisas materiais não essenciais, roupas de marca por exemplo - nunca poderemos direcionar coletivamente a construção de um mundo em que o humano seja o essencial. No nosso sistema econômico os governos socorrem os bancos com dinheiro, mas não há dinheiro para acabar com a fome na África e no nordeste brasileiro, porque é mais importante salvar o sistema do que as pessoas. Preocupa-me meus filhos viverem num mundo assim. A Jorge de Sena, tenho certeza, isso também o atormentava.