Poeta do testemunho... da problematização da sociedade...e de belíssimos escritos.

Poeta do testemunho... da problematização da sociedade...e de belíssimos escritos.
Jorge de Sena (1919-1978)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Véspera do dia da consciência negra.

Hoje, quando eu desci (trabalho no terceiro andar) pra almoçar, topei com um ex-aluno na rua. Ele era apenado do tribunal de justiça e, estudava para prestar concurso. Eu lecionava como parte do meu estágio supervisionado. Foi uma experiência maravilhosa. Embora a maioria dos alunos guardasse uma boa dose de agressividade, ao longo do semestre nos entendemos bem por que tinhamos um objetivo em comum e estabelecemos, de imediato, uma relação de respeito mútuo.

Esse menino que eu encontrei não é muito alto, pois é do meu tamanho, é negro e usa óculos. Fiquei muito feliz em vê-lo por que ele está trabalhando, fazendo faculdade, ainda que particular, mas está conduzindo bem o seu caminho depois de um deslize de adolescente e de uma oportunidade de avançar.

Depois peguei o metrô e fui ao catete. Quando parei numa lanchonete para comprar uma casquinha, um garoto de uns 11 anos me pediu moedas do troco, dizendo que era pra comprar bananadas pra vender. Não dei por que habitualmente não dou dinheiro a crianças na rua. como eu ainda estivesse parada e ele insistia, um rapaz bem vestido deu-lhe umas moedas e me olhou de cara feia, como se eu tivesse obrigação de fazer o que ele fez.

Ponderemos: eram 13h, portanto esse menino deveria estar indo ou chegando da escola, além disso fazia um sol de rachar; onde estava sua mãe (ou quem de direito), que é a responsável por ele? Esmola não tira ninguém da rua, muito ao contrário, os cristaliza lá.

Esse menino também era negro.

Quando é que vamos começar a tratar de fato do conjunto da sociedade, discutindo controle de natalidade VERDADEIRAMENTE, não o SUS dando uma carta pras mulheres marcarem a laqueadura - que nunca tem vaga pra marcar!

Quando é que os pais deixaram de não serem obrigadoa a assumir os filhos que ajudaram a gerar? Quando é que se fará cumprir a lei que determina que todas as crianças estejam nas escolas?

Enquanto isso, pasmo ao perceber que o grande desequilíbrio nessa balança é a mudança da postura das mães, ou seja, estão se aproximando da postura históricamente adotada pelos homens, a negligência.

Não, não estou dizendo que a culpa é da mulher, nem que elas deveriam voltar a serem domésticas, nem deixar de pensar nas próprias carreiras, não é nada disso. O que lamento é que, já que tiveram o filho, não podem esquecer-se de que essa é uma responsabilidade irrevogável.

Amanhã é 20 de novembro.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O APAGÃO DE ONTEM.


O que dizer quando dez estados e um país vizinho ficam sem luz simultâneamente? Graças a Deus que não foi no meio da copa ou de uma olimpíada?

Seja lá qual tenha sido o motivo para o que aconteceu ontem, uma coisa é certa: O SISTEMA DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICO É ALGO ESTRATÉGICO, SERVIÇO ESSENCIAL E INTERFERE EM TUDO NA SOCIEDADE. Portanto, tá na hora de ser todo público e levado a sério, hein governantes!!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O fim do ano letivo se aproxima.

No entanto, para algum aluno da rede estadual que reside perto da minha casa, parece que já acabou. Ontem de manhã, ao passar pela rua indo pra praia, vi um livro de curso profissionalizante do Estado jogado no chão, em frente a uma casa onde reside alguém que tem perfil para fazer aquele tipo de curso que o livro sugeria. Fiquei bastante incomodade por não se tratar de nenhuma criança.

Ao voltar, umas quatro horas mais tarde, encontri um livrinho de poesias de Olavo Bilac, também fornecido pelo Estado, e peguei para averiguar seu estado. Meus filhos tem um desses. Como o livro estivesse inteiro, limpei-o e pedi à minha filha para entregar a uma colega, que estuda em escola particular, com quem estuda aos domingos para a prova do Colégio Pedri II - que ambas farão daqui há dois anos.

Quando eu era criança e fazia o ginásio, antigo nome do ensino fundamental, não tinha livro algum por que o meu pai não comprava. De lá pra cá, além dos governos buscarem a universalização das vagas, hoje os livros didáticos são distribuídos, bem como alguns extras, como obras literárias, atlas e dicionários. Concordo que a qualidade do ensino na maioria das escolas púlicas ainda esteja longe de atender às necessidades do nosso mundo atual, principalmente no que tange ao mercado de trabalho, mas se o povo não aproveita o recurso que tem como vai ser?

Não adianta ficar dizendo que o Estado não investe em educaão, que os professores são mal pagos e tal e coisa. Qual é a cota de sacrifícil que o povo está se propondo? O que as famílias estão, afinal, ensinando aos seus filhos com relação à escola e ao seu futuro?