Poeta do testemunho... da problematização da sociedade...e de belíssimos escritos.

Poeta do testemunho... da problematização da sociedade...e de belíssimos escritos.
Jorge de Sena (1919-1978)

terça-feira, 16 de abril de 2013

Os fuzilamentos de Goya, Jorge de Sena e os rumos do capitalismo.


11 de setembro de 2001 foi o dia em que, logo pela manhã, as torres gêmeas do World Trade Center foram atacadas por dois aviões, inaugurando uma nova fase, considerando que foi o primeiro ataque sofrido pelos EUA dentro de seu território, algo que só parecia possível em filmes de ficção pura.

25 de junho de 1959 é a data que vem ao final do poema CARTA A MEUS FILHOS SOBRE OS FUZILAMENTOS DE GOYA, escrito por Jorge de Sena a partir da pintura TRÊS DE MAIO de Goya, cujo primeiro verso é "Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso," (1978, p. 127)

Nesta segunda 15 de abril de 2013 houve novo atentado nos EUA, na corrida de Boston. No Brasil estamos às voltas com a discussão sobre redução ou não da maioridade penal, por conta da crescente violência protagonizada por menores de idade em diversas modalidades, ao mesmo tempo em que não alcançamos ainda uma escola pública com qualidade para a formação social de nossos jovens.

É claro, e eu sei, que há diversos acontecimentos que se poderia observar para perceber a desestabilidade neste mundo sob a égide das disputas capitalistas, de uma lógica em que somente os lucros dos detentores do poder importam, e cujos efeitos colaterais sempre envolve a morte de grandes quantidades de seres humanos que não tiveram a menor possibilidade de escolha, e acabaram morrendo como "efeitos colaterais" dessa guerra nada velada.

A pintura de Goya refere-se a um momento histórico específico, mas sendo obra de arte, parece reivindicar uma série de outras injustiças, anteriores e posteriores à que foi ilustrada. "Apenas um episódio, um episódio breve,\ nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)\ de ferro e de suor e sangue e algum semen\ a caminho do mundo que vos sonho." (SENA, 1978, 128)

Este poema de Sena vive em minha mente, principalmente neste momento em que retomei os estudos das obras de Marx, muito incomodada pela escolha da esquerda brasileira que, em gera, escolheu como prioridade as disputas eleitorais, em detrimento da luta pelas conquistas daquela camada (imensa) da população despossuída dos meios de produção. Num mundo que já criou meios e tecnologia para que não fosse necessário trabalharmos até a morte para garantir uma existência decente, é um grande atraso que a maioria ainda continue sustentando os luxos de uma minoria, como vivemos.

Tendo como grande qualidade não ter uma escrita limitada ao político, Jorge de Sena produziu obras em que o ser humano e a manutenção de sua humanidade estão para sempre preservados.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Agora que a defesa já passou...

...bola pra frente! Em 19 de março eu passei pela defesa da minha dissertação de mestrado. Foi um dia tranquilo, em que pese a conclusão deste trabalho não nos colocar numa situação de completude. Parece mais como se nos encontrássemos novamente num primeiro degrau.

Embora incômodo, isso tem um gosto de renovação frequente. Imagina se acabássemos um curso como este e nos sentíssemos tendo concluído algo? As necessidades ainda não resolvidas funcionam como combustíveis, em certa medida, para continuarmos em movimento.

É como uma editora, por exemplo, sempre se movendo, como a Oficina Raquel, que está cheia de novidades. Vou até por o link, abaixo:

 http://www.oficinaraquel.com.br/

Acontece que é preciso ir concluindo etapas. Senti um grande alívio após a defesa, assim como pessoas mais experientes do que eu me disseram que poderia acontecer. Me parece que o processo do mestrado, em si, já causa um certo sofrimento, na medida em que estamos estudando/lendo e refletindo sobre tais leituras. Não me parece possível, aliás, aprendizado e amadurecimento sem algum incômodo.