Poeta do testemunho... da problematização da sociedade...e de belíssimos escritos.

Poeta do testemunho... da problematização da sociedade...e de belíssimos escritos.
Jorge de Sena (1919-1978)

sábado, 24 de setembro de 2011

Há coisas que nem comentarei.

Como, por exemplo, o "Rock" in Rio..., bem como as notícias de problemas na infraestrutura (que deveria ter sido)providenciada em torno do evento, como transportes e segurança; ou a entrada de um Pastor, o Waguinho, para ser candidato à prefeitura de Nova Iguaçu pelo PC do B...

Sendo eu uma aluna de Camões e Jorge de Sena nas aulas de Luis Maffei, neste ano do Senhor de 2011, não posso deixar de olhar em volta e o que vejo me preocupa sobremaneira. Se estou na rua, vejo sujeira, mendigos falsos e verdadeiros (e, com sinceridade, não sei o que me apavora mais); por outro lado vejo mulheres disputando espaço com as profissionais do sexo, em termo de indumentária somente, porque as putas se dão muito mais valor.

Essa semana, no entanto, dois ataques a professoras - o que pode ser muito corriqueiro para alguns - é algo que me incomoda por vários ângulos, sempre a começar pela educação que essas crianças parecem estar recebendo em casa. Não, não está escrito errado: eu não quiz dizer "a educação que as crianças não estão recebendo", mas a que elas recebem. Uma coisa é ninguém dizer que se deve comportar bem na escola, respeitar o espaço e professores, colegas, humanos irmãos, enfim. Outra, bem diferente, é desqualificar o outro que será encontrado na escola, bem como à própria instituição.

Um dos casos é o de uma professora em Mogi-SP, que foi agredida por não permitir o uso de celular em aula, o outro é o do menino de 10 anos que atirou na professora e depois em si mesmo, tendo morrido por isso, acrescentando-se o fato de que não se saiba a motivação.

Embora eu creia que criei e crio bem os meus filhos, o que é o mínimo da minha obrigação, não me sinto em nada tranquila. Insisto que é preciso darmos formação aos nossos filhos. De que adianta liberdade política, democracia, instrumentos tecnológicos, diversidade, se não utilizamos nada disso para exercer o potencial com o qual nascermos de sermos humanos?

domingo, 18 de setembro de 2011

Tudo já virou mercadoria. E agora?


Um dia desses fiz uma postagem intitulada E SE TUDO VIRAR MERCADORIA? No entanto, percebo que já estou defasada, visto que tudo parece cambiável neste momento em que estamos compartilhando os mesmos oxigênio e impurezas. Nada escapa, sobretudo as relações humanas, pois estão em grande medida motivadas ou orientadas por interesses materiais.

Isso me coloca numa posição de grande isolamento no mundo, por falta de pares. É peciso estar na moda, comportar-se dentro do padrão, ou sair do padrão de forma aceitável, ou seja, filiando-se a "minorias exóticas", também da moda, ou ser politicamente correta, ou ainda querer chegar lá, do ponto de vista do mercado de trabalho e demais realizações financeiras.

É limitado demais esse mundo nosso.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Civilização



Estava, ontem à noite, num coletivo e, como era uma reles passageira, não estava dirigindo, de tal modo que podia dar-me ao luxo de observar a violência do comportamento dos seres humanos que dirigem ônibus contra os que dirigem carros e vice-versa. Um verdadeiro campo de batalha. Me lembrei daquelas partidas de futebol americano, onde se jogam uns nos outros se atacando.

E, pensando em violências, mas olhando em outra direção, lembrei-me de que o papa usa um anel, chamado de "anel do pescador" - o que me parece que seja uma referência ao primeiro papa, Pedro - que é, no entanto e contraditoriamente, de ouro maciço. Cada papa tem o seu, ou seja, quando o cara morre, destrói-se o dito anel e produz-se outro para o novo pontífice. Ora, é uma igreja que se diz dos pobres e representante de Deus na terra, mas cujos líderes esbanjam - literalmente - ouro, enquanto milhares morrem de fome mundo afora.

Esse torto percurso de reflexão me levou, por fim, a pensar nas torturas cotidianas e particulares a que nos submtemos, às vezes, por pura vaidade: tênis no verão de um país tropical e saltos altos e finos em ruas de paralelepípedo, só para escrever pouco.

Porque, afinal, nos consideramos civilizados mesmo?

domingo, 11 de setembro de 2011

11 de setembro, 6 e 8 de agosto, 3 de maio. Datas


Hoje completam-se, daqui a 15 minutos, os 10 anos do atentado terrorista que atingiu o World Trade Center e feriu para sempre o sossego que, não sei porque, pensavasse que havia no mundo. Na verdade, era o sossego de achar que o mundo tinha um dono só: os EUA, que interferia à vontade - mas por baixo do pano, no andamento dos governos mundo afora. Não, eu não acho que os atentados foram uma justa resposta, pois o que se atinge com o terrorismo extrapola qualquer território, nacionalidade ou tempo. E o inimigo dos povos é o Capitalismo.

Será sempre um dia para se lamentar, assim como o são 6 e 8 de agosto. Lamentar as mortes decorrentes da estupidez humana, que leva a todo o tipo de conflito armado.

Jorge de Sena escreveu, certa vez, o seguinte verso: "Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso." Está num poema, Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya, que nasce a partir de uma pintura de Goya - os três de Mayo, e da sensibilidade de um homem, com profissão, esposa e filhos e conhecimento acerca da trajetória, nada pacífica, da humanidade ao longo da história.

Me lembro que, assim que entendi que o World Trade Center estava sendo atacado - eu estava perto dos meus filhos, então com 8 e 5 anos, e o meu menino me dizia "mãe, o avião foi direto para aquele prédio", pensei que dali se desencadearia a terceira guerra mundial, e fiquei desesperada, achando que não haveria mundo para eles, nem futuro. Não conhecia, à época, os versos de Sena.

Hoje esse mesmo menino meu está prestando vestibular. Antes de sentar-me aqui, para escrever, fui levá-lo ao ponto do ônibus e desejar sorte, mesmo ele sendo quem é, ou seja, ter estudado muito e pertencer ao signo de aquário. Mãe é mãe, né? Também não sei que mundo será os dos meus filhos, mais sei que é preciso combater o capitalismo de forma organizada.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Idade para entrar no ensino fundamental - 6 anos

O conselho nacional de educação decidiu, ontem, fixar os 6 anos como idade mínima para as crianças no Brasil serem matriculadas no ensino fundamental - 1º ano, antiga classe de alfabetização. O argumento é baseado na cognição e maturidade das crianças.
Na Globo, que foi onde ouvi a notícia, o Alexandre Garcia chamava a atenção para o fato de que a América Latina tem 15 prêmios Nobel, sendo metade só na Argentina, mas nenhum no Brasil, e que essa decisão é um incentivo à mediocridade. Concordo grandemente com isso.

Eu aprendi a ler em casa, aos 5 anos - e não se deve esquecer que a minha mãe é analfabeta. Meus dois primeiros filhos foram para a escola - particular - cedo e aprenderam a ler, respectivamente, aos 6 e aos 5 anos. Meu pequeno não pude por na escola particular, mas o ensinamos a ler em casa, dentro dos seis anos, porque a escola pública não começa a alfabetizar no 1º ano. Como eles tem até o final do ciclo para alfabetizar, 3 anos, começam a ensinar em agosto do 3º ano.

Assim como o jornalista, fico me perguntando o que pretende o governo com isso. As crianças estão sendo expostas cada vez mais cedo a uma série de conteúdos, hábitos, programas, enfim... inadequadas à sua idade, e o que se busca limitar é o aprendizado escolar?

Ontem mesmo eu estava lendo um artigo do Alilderson (de Jesus, revista ABRIL/UFF 2010), em que ele escreveu: "Uma civilização barulhenta que silencia apenas para não se manifestar sobre as atrocidades que promove." Seu artigo era a partir de O Grito - de Luis Miguel Nava. Sua afirmação, com a qual concordo também grandemente, me lembra aquela história da carroça que, quanto mais vazia mais barulhenta.