Poeta do testemunho... da problematização da sociedade...e de belíssimos escritos.

Poeta do testemunho... da problematização da sociedade...e de belíssimos escritos.
Jorge de Sena (1919-1978)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

BIBLIOTECAS PÚBLICAS, PROFISSÕES E MEIOS DE VIDA.

“Estaríamos nos tornando mais capazes de encontrar informações com agilidade, e incapazes de ler textos mais longos e complexos.”

A colocação acima, do autor Nicholas Carr (no livro O Google está nos deixando estúpidos?), está na revista Língua Portuguesa n°58 Agosto de 2010, referindo-se ao comportamento desta nossa sociedade tão conectada pela Internet.

Recentemente, logo após o falecimento do escritor Saramago, recebi um e-mail com slides sobre sua biografia, dentre eles um que é sempre bom lembrar: o Nobel português, de origem pobre, somente freqüentou a escola para um profissionalizante e foi trabalhar.

Isso me lembra a opção de educação do José Serra este ano, pois pobre – para ele - só tem de ser “preparado” para o mercado de trabalho.

Meu, nosso, saudoso José de Sousa Saramago freqüentava bibliotecas públicas depois do expediente. A leitura foi fundamental na formação de um mestre.

Essas duas diferentes situações me levam a falar de um fato incômodo: São Gonçalo, onde eu moro, é o segundo colégio eleitoral do Estado do Rio de Janeiro e não tem uma única biblioteca pública em funcionamento. Poucas escolas aqui tem biblioteca, que, além de serem restritas aos alunos, permanecem fechadas na maior parte do tempo.

Fico pensando como será o nosso futuro se não estamos tratando de assuntos tão essenciais quanto a formação das pessoas. Isso envolve, por exemplo, os caminhos que os jovens terão para construir suas vidas.

Um assunto ligado a esse, que também me incomoda muito: o caso de Elisa Samudio. Além de engrossar as vergonhosas estatísticas de violência contra a mulher, que demonstram que a sociedade ainda não forma seus homens para respeitar a mulher, a história dessa jovem passa pelo abandono da escola e a busca por sustento através do filho de um homem com dinheiro e fama, porque considero que alguém que deseja seguir carreira como modelo costuma cuidar do corpo, não ficar grávida. Essas coisas, penso-as por ter visto os vídeos gravados pela própria, em que ela aparece dizendo que saía com vários jogadores.

Essa semana, num treino do time do Santos, dias antes desta sua última conquista, a Globo mostrava moças, bem jovens, gritando “lindo, lindo!” para aqueles jogadores, nos quais a maior beleza me pareceu ser a extensão de suas contas bancárias. Quem gosta de futebol, seja homem, mulher ou criança, vai lá curtir a qualidade do time, não ficar se oferecendo como elas estavam fazendo.

Enfim, quando vamos cuidar de fato, enquanto sociedade, da construção do nosso futuro?

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

HOJE FAZEM 65 ANOS...

...que a bomba foi lançada em Hiroshima.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

ANDAR NO CENTRO DO RIO...





Está ficando muito difícil. Acabo de fazer um trajeto de cinco minutos, do meu trabalho até esta lan house onde acesso internet, e começou um corre-corre. era a Guarda Municipal tentando surpreender os camelôs, de cacetetes em punho, em ponto de acertar algum passante.

Não acredito que perseguir trabalhadores informais seja solução para os problemas da cidade, quer de espaço nas ruas, quer de emprego para a população.

E aí, não tem jeito, ou o país trata das suas questões em conjunto, começando pela reforma agrária, que manteria as pessoas nos seus lugares e, consequentemente, ajudaria a ordenar os grandes centros urbanos, para ser bem sucinta.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

MST ABSOLVIDO PELO CONGRESSO NACIONAL.

Frei Betto: Congresso absolve MST

O MST jamais desviou dinheiro público para realizar ocupações de terra — eis a conclusão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito(CPMI), integrada por deputados federais e senadores, instaurada para apurar se havia fundamento nas acusações, orquestradas pelos senhores do latifúndio, de que os movimentos comprometidos com a reforma agrária se apoderaram de recursos oficiais.

Por Frei Betto, no Correio Braziliense
Em oito meses, foram convocadas 13 audiências públicas. As contas de dezenas de cooperativas de agricultores e associações de apoio à reforma agrária foram exaustivamente vasculhadas. Nada foi apurado. Segundo o relator, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), “foi uma CPMI desnecessária”.

Não tão desnecessária assim, pois provou, oficialmente, que as denúncias da bancada ruralista no Congresso são infundadas. E constatou-se que entidades e movimentos voltados à reforma fundiária desenvolvem sério trabalho de aperfeiçoamento da agricultura familiar e qualificação técnica dos agricultores.

O que os denunciantes buscavam era reaquecer a velha política — descartada pelo governo Lula — de criminalizar os movimentos sociais brasileiros. Esse tipo de terrorismo tupiniquim a história de nosso país conhece bem: Monteiro Lobato foi preso por propagar que havia petróleo no Brasil (o que prejudicou os interesses norte-americanos); foram chamados de comunistas os que defendiam a criação da Petrobras; e, de terroristas, os que lutavam contra a ditadura e pela redemocratização do país.

A comissão parlamentar significou, para quem insistiu em instaurá-la, um tiro saído pela culatra. Ficou claro para deputados e senadores bem intencionados que é preciso votar, o quanto antes, o projeto de lei que prevê a desapropriação de propriedades rurais que utilizam trabalho escravo em suas terras. E resolver, o quanto antes, a questão dos índices de produtividade da terra.

A investigação trouxe à luz não a suposta bandidagem do MST e congêneres, como acusavam os senhores do latifúndio, e sim a importância desses movimentos no atendimento à população sem terra. Eles cuidam da organização de acampamentos e assentamentos e, assim, evitam a migração que reforça, nas cidades, o cinturão de favelas e o contingente de famílias e pessoas desamparadas, sujeitas ao trabalho informal, ao alcoolismo, às drogas, à criminalidade.

Segundo Jilmar Tatto, os inimigos da reforma agrária “fizeram toda uma carga, um discurso muito raivoso, colocaram dúvidas em relação ao desvio de recursos públicos e perceberam que a montanha tinha parido um rato. Porque não havia desvio nenhum. As entidades e o governo abriram todas as suas contas. Foram transparentes e, em nenhum momento, conseguiu-se identificar um centavo de desvio de recurso público. Foram desmoralizados (os denunciantes), e resolveram se ausentar dos trabalhos da CPMI. (...) Foi um trabalho produtivo, no sentido de deixar claro que não houve desvio de recurso público para fazer ocupação de terras no Brasil. O que houve foi a oposição fazendo uma carga muito grande contra o governo e o MST”.

Os parlamentares sensíveis à questão social no Brasil se convenceram, graças ao trabalho da comissão, de que é preciso aumentar os recursos para a agricultura familiar; garantir que a legislação trabalhista seja aplicada na zona rural; e incentivar sempre mais os plantios alternativos e os alimentos orgânicos, sobre cuja qualidade nutricional não paira a desconfiança que pesa sobre os transgênicos. E, sobretudo, intensificar a reforma agrária no país, desapropriando, como exige a Constituição, as terras improdutivas.

Dados recentes mostram que, no Brasil, se ocupam 3 milhões de hectares com a lavoura de arroz e 4,3 milhões com feijão. Segundo o geógrafo Ricardo Alvarez, se compararmos com os 851 milhões de hectares que formam este colosso chamado Brasil veremos que as cifras são raquíticas. Apenas 0,85% do território nacional está ocupado com o cereal e a leguminosa. Um aumento de apenas 20% na área plantada significaria passar de 7,3 para 8,7 milhões de hectares, com forte impacto na alimentação do povo brasileiro.

Para Alvarez, o aumento da produção levaria à queda de preços, ruim para o produtor, bom para os consumidores. Caberia, então, ao governo implantar uma política de ampliação da produção de alimentos, garantir preços mínimos, forçar a ocupação da terra, combater o latifúndio, gerar empregos no campo e atacar a fome. Ação muito mais eficiente, graças aos 20% de acréscimo na área plantada, do que o assistencialismo alimentar.

O latifúndio ocupa, hoje, mais de 20 milhões de hectares com soja. No início dos anos 1990, o número beirava os 11,5 milhões. A cana-de-açúcar foi de 4,2 para 6,5 milhões de hectares no mesmo período. Arroz e feijão sofreram redução da área plantada. Hoje o brasileiro consome mais massas do que a tradicional combinação de arroz e feijão, de grande valor nutritivo.

Alvarez conclui: “Não faltam terras no Brasil, faltam políticas de distribuição delas. Não faltam empregos, falta vontade de enfrentar a terra improdutiva. Não falta comida, falta direcionar a produção para atender as necessidades básicas de nossa população”.

Publicado no site: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=8&id_noticia=134314

Feliz 2010


MAURICIO RAMOS 65345 E KIQUE 6513
MEUS CANDIDATOS. FELICIDADE É PODER VOTAR NESSA DUPLA DE GUERREIROS.